O ano era 1990 e foi a
primeira vez que fiquei frente a frente com Leonel Brizola. Eu tinha 21 anos e era
Presidente da UMESPA.
O objetivo do encontro
era um depoimento de Brizola sobre o Colégio Júlio de Castilhos, o “Julinho”, para
o Jornal do Grêmio Estudantil, cujo presidente era o companheiro Zé Pedroso. Estávamos entrevistando várias personalidades
gaúchas que estudaram lá.
Não foi fácil chegar
perto dele, contamos com importantes ajudas: Primeiro do Názaro Borges, que nos
levou até a sede da FEPLAN, no Menino Deus, onde ele iria gravar o programa
eleitoral do PDT (O PDT disputava o 2º turno das eleições, com Alceu Collares, tendo
como adversário Nelson Marchezan). Não nos deixaram entrar e só pudemos vê-lo
passar de carro. Descobrimos que ele participaria do programa Câmera 2 na TV
Guaíba, e partimos para lá. Como estávamos a pé, subimos o morro de ônibus,
chegamos lá quando ele estava saindo, cruzamos por ele na saída, enquanto
entrávamos, uma verdadeira caçada, onde estávamos levando a pior.
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Meu primeiro encontro com Brizola, na porta da RBS em 1990. Com José Pedroso |
Já era tarde da noite
quando ficamos sabendo que Brizola estava na RBS, e fomos “literalmente
correndo” até lá. Tentamos entrar, mas não permitiram, então fomos até o
estacionamento e identificamos o carro que o estava conduzindo, e aí entrou segunda
e importante ajuda que tivemos: O Conceição, até hoje motorista do PDT, e que
conduzia Brizola naquela noite. Chamamos ele, explicamos que estávamos desde a
tarde tentando uma oportunidade de falar com Brizola e não conseguíamos,
relatamos nossa correria e nosso esforço, ele resolveu ser solidário, pediu que
ficássemos com ele e quando Brizola saiu, ele nos apresentou. Fizemos a
entrevista e estas fotos que são as primeiras que fiz, depois delas vieram
milhares de outras.
Aquele ano de 1990 foi
um ano importante. O Brizola que encontrei, recém eleito governador do Rio de
Janeiro, pela segunda vez, se recuperava
de uma eleição na qual deixou de disputar o segundo turno das eleições presidenciais
de 1989, por muito pouco, porém, obteve uma votação consagradora no RS obtendo,
sozinho, 62,66% dos votos dos gaúchos. Para ter uma ideia da magnitude deste
feito: Eram 22 candidatos e o segundo mais votado aqui no RS foi Fernando
Collor, com 9,23% dos votos, e que veio a ser eleito Presidente da República.
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Um dos únicos registros que tenho fotografando Brizola - Eleições de 1994 |
Em 1990, além de ser
eleito Governador do Rio de Janeiro no primeiro turno, Brizola foi fundamental
para eleger dois governadores negros no Brasil, Alceu Collares, no Rio Grande
do Sul, e Albuíno Azeredo, no Espírito Santo.
Sabia que estava diante
de um dos maiores líderes deste país, mas nem imaginava quantas vezes iríamos
nos encontrar de novo e a importância que ele teria em minha vida.
Em menos de um ano, após
aquele encontro, comecei a fazer outros registros de Brizola e tive a oportunidade
de conviver com ele inúmeras vezes, viajei a seu lado, de avião, de carro, por
diversos lugares, e registrei importantes momentos, durante mais de uma década,
até sua morte em 2004.
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Com Brizola e Sereno Chaise. Se a memória não me falha essa foto foi feita pelo Conceição durante uma de nossas paradas para as refeições |
O Conceição se
transformou em um grande amigo, ele continuou conduzindo Brizola por muitos
anos, e em muitas oportunidades eu estava junto, acompanhando as andanças por
este Rio Grande.
Passaram-se mais de 20
anos desde o primeiro encontro com Brizola, e em 2014 completará 10 anos de sua
partida, porém ele nunca saiu de minha memória e faz parte de importantes
momentos de minha vida. Seu legado para o povo brasileiro é inestimável, principalmente
no campo da Educação.
Brizola Sempre Viverá!
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Minha história com Brizola prosseguiu, mesmo após sua morte. Construí uma relação de amizade com seus herdeiros políticos e netos, Brizola Neto, Leonel Brizola e Juliana Brizola, de quem tive a honra de ser assessor durante parte de seu mandato na Assembleia Legislativa do RS |